quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

OS LIBERAIS NO BRASIL REMONTAM 3 SÉCULOS


Os Liberais na Inconfidência Mineira e na Conjuração Baiana

 Durante o século XVIII, quando a atividade econômica do Brasil colônia atingia seus níveis mais altos, a região das minas fervilhava de idéias de libertação, especialmente em Vila Rica (atual Ouro Preto) capital da Província das Minas Gerais. Os filhos das famílias mineiras mais prósperas podiam estudar na Europa, e, lá entravam em contato com as idéias liberal-burguesas do Iluminismo. a mocidade brasileira se não contentava com a instrução que lhe oferecia a mãe-pátria na sua única universidade. Tinha Coimbra perdida para ela esse pomposo nome de nova Atenas, apesar da reforma por que passara e dos abalizados mestres que lhe deram. Portugal não resumia mais em si ou em suas produções o universo. Após ele se haviam levantado nobre e valentemente as nações da Europa a lhe tomar a vanguarda na senda da civilização, e assim atraíam as nossas vistas. A Inglaterra e a França, com instituições livres e populares, conquistavam as simpatias de nossos jovens e os corações batiam de entusiasmo ao respirar os ares dessas nações tão populosas, tão vastas, tão industriais. Distinguia-se na mocidade uma inquietação surda, uma tendência para nova vida, uma ambição para existência mais ativa. Ela via com dor o retardamento do progresso da pátria e, ao voltar para a colônia que lhe dera o berço, suspirava pela liberdade que gozara, pelas delícias da civilização que fruíra nos países europeus. Um jovem inconfidente de destaque foi Cláudio Manuel da Costa, que ao voltar da Europa se deixara dominar pelos desejos de democracia e liberdade, expressadas nas suas poesias: "Não são estas, dizia ele, as venturosas praias da Arcádia, onde o som das ondas aspirava a harmonia dos versos. Turva e feia a corrente destes ribeiros, primeiro que arrebate as idéias de um poeta deixa ponderar a ambiciosa fadiga de minerar a terra, que lhe tem pervertido as cores. A desconsolação de não poder subestabelecer aqui as delícias do Tejo, do Lima e do Mondego, me fez entorpecer o engenho dentro do meu berço". Outro jovem vindo da Inglaterra, o dr. José Álvares Maciel. Conhecia-o da sua capitania e além disso era cunhado do tenente-coronel do seu regimento Francisco de Paula Freire de Andrade. Vinha o jovem Maciel de países livres, onde adquirira rara instrução e onde fora iniciado nos mistérios da maçonaria. Trazia a cabeça cheia de idéias democráticas, que lhe inspiraram os admiráveis progressos da nova república de Washington, Franklin e Jefferson, e a prática política e ideológica lá praticada. Era o dr. José Álvares Maciel um jovem de vinte e sete anos de idade; tinha nascido em Vila Rica, donde seu pai era capitão-mor; e educara-se na Europa. Depois de se ter formado em ciências naturais na universidade de Coimbra, visitou a Inglaterra onde se demorou um ano e meio completando a sua instrução, visto que seu pai o auxiliava com alguma quantia para a sua assistência; todavia parece que as idéias da emancipação política da sua pátria o moveram mais do que os seus estudos a essas viagens, e que era ele um dos dois emissários mandados à Europa para esse fim, e que enquanto José Joaquim da Maia conferenciava com Tomás Jefferson ele sondava a disposição dos ingleses a nosso respeito. Presume-se até que comunicara essas idéias aos estudantes seus compatriotas da universidade de Coimbra por intermédio do seu amigo o dr. José de Sá e Bitencourt, que encontrou em Lisboa, de volta de sua viagem à Inglaterra. Falando o jovem Maciel de seus estudos ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido como "Tiradentes", tratou dos conhecimentos que havia adquirido à respeito da indústria manufatureira e sobretudo acerca da mineração. Patenteando o progresso dos povos livres nos diversos ramos da indústria, do comércio e das artes liberais, acabou por lastimar que seus compatriotas jazessem nas sombras da ignorância e ainda em mal, não soubessem se aproveitar dos recursos que lhe oferecia o país muito mais favorecido pela natureza do que a Europa, e que com algum trabalho podia ter tudo quanto tinha o velho continente. Falava o jovem doutor a um homem apaixonado, descontente, doído com suas preterições, e o alferes Joaquim José sentiu que lhe tocavam nas chagas abertas que influenciados pelas ideais da revolução inglesa e especialmente da revolução francesa, criou em Minas um clima geral de revolta. .

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